Desde
a volta à pauta da dialética com o pensamento de Hegel, não há
razão para não entendermos e não aceitarmos que, problemas
complexos jamais terão soluções simples. Precisamos nos render a
um entendimento simples de que a melhor solução para os problemas,
inclusive os sociais, é a síntese. Esta é uma posição que
pretende justamente encontrar a solução dos problemas fazendo a
síntese, isto é, sobrepondo e discutindo as dificuldades, as
origens por assim dizer das coisas. É importante aceitar como
pressuposto que, para alcançarmos a solução por meio de uma
síntese das coisas, é necessário abrir mão da ideia de que
necessariamente um lado ganha e outro perde. Não precisa ser assim.
Quando a questão envolve a sociedade, o sucesso a ser alcançado
reside no fato de que, é possível observar não somente a antologia
dos problemas como os próprios problemas de fato, acontecendo em
tempo real, ou pelo menos um ponto de vista dos mesmos. Enfim temos
que perguntar que atores atuam em questões da sociedade, e
invariavelmente chegaremos até a classe política, que é quem por
excelência deve atuar (legislar) em questões de sociedade, é claro
que não somente estes. Bom seria se os demais atores de uma
democracia, em processo de consolidação, empurrassem os primeiros
para de fato os representarem. Então se tomamos o Brasil como objeto
de nossa observação, poderemos observar a ausência do desejo de
síntese. Percebemos que há muito mais máquina funcionando, do que
interesse sendo defendido; há muito mais partidarismos e outras
vertentes abomináveis, do que ideologias sérias sendo discutidas e
validadas ou não; há muito mais corrupção, do que serviço
prestado. Como cidadão do Brasil, do estado do Rio de Janeiro, e
Carioca, olho à minha volta e vejo uma realidade acontecendo: o
problema da violência. Isto constatado me questiono que tipo de
síntese seria capaz de trazer solução a tal problema? Então
vejamos: 1) Violência é um problema oriundo da desigualdade social
(creio que ninguém tenha dúvida disto); 2) o indivíduo qualquer
que seja sua origem e sua dificuldade, vive debaixo das mesmas leis
da sociedade, que não deveriam ser quebradas sob qualquer pretexto,
o fato de haver desigualdade acentuada não produz a justificativa
para a quebra das leis; 3) por último, é visível que o estado
representado por seus atores não foi capaz em tempo algum de
produzir algum tipo de solução cabível. Como exemplo vejamos um
caso, que me reservo a licença de não citar fontes porque sei que
numa busca rápida, infelizmente, você certamente encontre uma
dezena deles. Uma mãe trabalhadora que acorrenta o filho ao pé da
mesa ao sair para trabalhar, mãe esta que não terminou nem mesmo o
ensino fundamental. É então conduzida pela autoridade policial, que
foi acionada pelo conselho tutelar, presa então por maus tratos.
Posteriormente constate-se que tal atitude insana da mãe se deu pelo
fato de que seu filho, de não mais do que 10 anos de idade, já
estava em franco processo de entrada para a maior e mais nociva fonte
de “trabalho” deste pais, o tráfico de drogas. E que esta mãe
preocupada com a possível morte precoce do filho, e porque precisava
trazer comida pra casa, resolve acorrentá-lo. Pergunta: quem está
certo, a mãe ou o Estado? Deu pra entender? Como brasileiro acho que
estou autorizado a ter a opinião que qualquer discurso que não
resolva isso, que é a minha realidade, é demagogia. Não é
necessário aqui fazer nenhuma lista do que precisa ser feito, por
que esta lista até os políticos conhecem muito bem e nunca fizeram,
e continuaram não fazendo. Então segue-se a tentativa do que seria
uma síntese, e é claro que ninguém vai inventar a roda outra vez.
Será que é atoa que existi uma disciplina chamada Teoria Geral do
Estado? Então basta colocar a roda para girar, uma sociedade para
funcionar precisa de certos aspectos que farão com que a coisa de
certo, considerando que seja uma democracia: Liberdade: o direito de
cada um é respeitado; Coerção: leis sérias que sejam respeitadas,
cumpridas; Igualdade: todos tem as mesmas oportunidades; Justiça:
o Estado garante que cada um esteja incluído nos princípios
anteriores. Embora corramos sempre o risco do vazio da abstração,
podemos concordar que não é necessário nada muito mais complicado
do que isto. Preferi aqui as linhas gerais para ficar claro que não
tem nada a ver com cor partidária, esquerda ou direita. É preciso
sim, e muito, ter uma identidade, porém mais do que isto, é preciso
querer, é preciso coragem, é preciso colocar em prática. Enquanto
o indivíduo não se colocar em marcha e começar a mudança da
consciência, nada irá acontecer. Para não sair do lugar comum,
cite-se Gandi e Luther King Júnior, para quem foi do século XX. E
aí será que dá para fazer desta foto uma síntese?
C. A. Soares
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