Sabemos muito pouco sobre depender de Deus de verdade. E
qualquer cristão com algum tempo de reflexão a respeito de si mesmo, já pode
perceber a sensação clara de estar apenas chamando Deus para participar do seu
planejamento pessoal, mais ainda, apenas chamando Deus para financiar o projeto.
Sim porque pedir que Deus abençoe sem perguntar, se, de fato, é o que ele quer,
significa chamá-lo para entrar somente com a Benção, com o capital espiritual.
Muitas vezes até citamos o jargão clássico: “Deus colocou no meu coração”, que
não necessariamente precisa ser falso, porém, nem sempre é verdadeiro.
O que o apóstolo Tiago escreve em tom de advertência, serve
muito bem como balizador, para desenvolver um estilo de vida em que verdadeiramente
o controle não seja nosso. É o que fica muito claro no capítulo 4.13-17. Vejamos
então: 1- Precisamos aprender a planejar com dependência de Deus, não
esquecendo que, embora seja próprio da natureza humana planejar, como está em
provérbios 16.1; é literalmente impossível ao ser humano controlar todas as
variáveis. Na prática não sabemos nem mesmo se estaremos vivos até o final do
Dia. E mesmo que nossa vida seja razoavelmente longa, ainda assim será povoada
de imprevistos, e breve. 2- Somos incentivados a assumir uma atitude de
Dependência, em relação à vontade de Deus, “se ele quiser...”. Nós podemos e de
fato queremos muitas coisas, porém eu gosto de pensar que dizer para Deus que preferimos fazer o que Ele quer, apesar
de nossa própria vontade, comunica algo na direção de Deus; a Bíblia chama esta
atitude de “temor”, quando alguém começa a desenvolver temor, esta pessoa está
começando a se tornar sábia. (Pv 1.7; 2.5; 9.10; 10.27; 14.26,27; 15.33; 16.6;
19.23; 22.4; 23.17). 3- Finalmente Tiago alerta que pensar nossas metas como
absolutas, e que nada poderá nos impedir por conta de nossa capacidade, (não importa
o nível em que estamos). É presunção maligna (4.16 NVT). Nem precisamos lembrar
quem agiu assim na Bíblia... Que tipo de orgulho nos faz pensar ser possível
manter uma relação com Deus, sem que ele tenha ingerência em nossa vida. Não
faz qualquer sentido, afinal Ele é Deus, e Ele mesmo diz: “...para que ser
Deus, se não posso ser tratado como tal...” (Ml 1.6). Sendo assim seria de “bom
tom” imitarmos Jesus em sua oração: “Pai, se queres, afasta de mim este cálice.
Contudo, que seja feita a tua vontade, e não a minha.” (Lc 22.42).
C. A. Soares
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